Qual o seu maior problema nesse exato instante? Pare um pouco e pense. Analise o que te perturba nesse momento. Retire tudo que for projeção do futuro e tudo que já foi, que virou passado. Exatamente nesse instante, qual o seu problema?
Olhamos para o passado e sofremos pelo que já foi, olhamos para o futuro e temos medo do que virá. Raramente nos fixamos no presente e conseguimos ver como a nossa vida pode ser bela nesse exato momento. Na maioria das vezes, quando somos sinceros em nosso olhar, percebemos que nada é tão ruim, nada está tão fora do lugar. Algumas coisas podem e precisam melhorar, mas, agora, nesse exato instante, nossa vida não é tão ruim assim.
Vivemos antes e depois. E sofremos pelo que não existe. P. B. Shelley
Acordamos muitas vezes com uma sensação de falta, de medo. Que alguma coisa errada está por acontecer, que aquilo que planejamos pode não dar certo, uma ansiedade que nos ameaça e também nos joga inconscientemente pra frente. Por isso, corremos para cumprir mais um dia de trabalho, afinal temos que ser eficientes e produtivos e temos que ser boas pessoas. Nunca paramos e olhamos para nós mesmos, nunca checamos se tal eficiência realmente está nos fazendo mais felizes e realizados. Entramos no automático, como robôs que cumprem o seu papel de funcionário, pai, mãe, filho, cidadão.
Esse sofrimento é uma espécie de briga com a realidade, de não reconhecer que tudo é impermanente, que tudo muda e passa. Tentamos ser felizes buscando resolver uma vida que nunca se resolve, tentamos controlar o mundo antes de controlar a nós mesmos. Não percebemos a beleza de uma vida que se faz nesse exato instante, em cada pequeno ato que não se realiza, a cada sorriso negado, em cada horizonte não olhado.
O mundo não está aqui para torná-lo feliz. Está aqui para torná-lo consciente. Ele está aqui para desafiá-lo todos os dias.
Conta uma história que um velho monge chinês acordava todos os dias e, ao olhar no espelho, gritava consigo mesmo. “Você está acordado?” Então, ele mesmo respondia: “Sim senhor! Eu estou!” Depois, gritava de novo: “Não deixe que te enganem!”. Era um exercício que fazia para se reconectar com o momento presente e consigo mesmo, para não se deixar levar pelas coisas do mundo, para sair do automático e controlar sua própria vida.
O ser humano é complexo e a felicidade é um quebra-cabeça difícil de se resolver. O maior desafio, na minha opinião, é ser o que somos, é aceitar nosso pacote de defeitos de braços abertos e ir melhorando na medida que a vida nos abre as portas. No momento que paramos de julgar e aceitamos aquilo que somos, ficamos livres e abrimos espaço para viver em paz e amar.
E você? Está acordado?