Todos os dias somos questionados a nos posicionar, a expressar nossa opinião a respeito de algo ou alguém. A vida nos cobra uma opinião, temos que decidir de que lado estamos, afinal, se não estamos deste lado só podemos estar do outro.
Enquanto isso nosso sistema de crenças nos coloca em xeque a todo momento. O materialismo da vida prática nos afasta do que amamos e restringe nossa vida a um punhado de coisas e tarefas diárias. Nos exige acreditar que só existe aquilo que se pode tocar, ver ou sentir e nos reduz à simples química cerebral. Por outro lado, o fundamentalismo espiritual insiste em nos vender verdades em que não acreditamos. Extremos que se retroalimentam e nos mantém separados um dos outros.
A tradição tibetana acredita que a maior causa de nossa infelicidade e a origem de todo o mal está na separatividade, a chamam de “A Heresia da Separatividade”. Quando nos isolamos, pensamos e agimos como se não fôssemos parte de um só corpo chamado humanidade, começamos a crer que não dependemos do próximo e que pouco importa a opinião do vizinho. Desta forma o egoísmo nos corrói e dele surge todo mal.
Quando nos fechamos em nosso pequeno mundo e excluímos o pensamento de alguém por pensar diferente, nos isolamos em nossas limitadas, e às vezes falsas verdades, e perdemos a chance de expandir nossa visão além dos nossos muros. Manter a mente aberta e viver além de nosso conhecimento, significa abrir as portas para a liberdade, pois é impossível ser livre se fechando atrás de nós mesmos.
Extremos são como paredes que nos sufocam atrás de opiniões que nem sempre são nossas, mas que insistimos em dizer que são. Manter a mente aberta para o novo, se questionar, buscar o autoconhecimento, é nos libertar para viver a vida de forma mais plena e completa.
Temos o direito de pensar da maneira que queremos, também temos o direito de mudar de opinião quando quisermos e até de não ter opinião alguma sobre qualquer coisa. Mas também precisamos estar abertos para entender e aceitar a visão de quem pensa de forma diferente. Cair na armadilha dos extremos é limitar nosso poder de discernimento e ficar refém da opinião dos outros. É cair na armadilha do ego, que insiste em nos afastar de quem realmente somos.