Estratégias transformadoras para as Eleições 2024: navegando pela nova era do Marketing Político Digital no Brasil
À medida que avançamos para as eleições municipais de 2024 no Brasil, o marketing político enfrenta um cenário repleto de novidades e desafios. As tendências emergentes, impulsionadas pela crescente influência digital e mudanças demográficas, estão redefinindo as estratégias de campanha.
Um estudo realizado pelo DataSenado em 2019 já apontava que as redes sociais influenciavam o voto de 45% da população brasileira. Cinco anos mais tarde, é razoável supor que esse número tenha aumentado significativamente, dada a aceleração da digitalização e a maior integração das mídias sociais na vida cotidiana. A influência dessas plataformas é particularmente notável entre os eleitores mais jovens, um segmento que ganhou dois milhões de novos votantes entre 16 e 18 anos, em parte graças à campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para incentivar o voto dos jovens em 2022. Hannah Maruci Aflalo, doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), destaca em um de seus artigos, que essa campanha digital facilitou a compreensão de temas políticos complexos e promoveu uma maior identificação dos jovens com a política.
Paralelamente, o Instagram tem se destacado como um canal de comunicação essencial. Conforme revelado pela OpinionBox, traçando um paralelo entre 2022 e 2023, o uso diário do Instagram aumentou de 84% para 92%, e a proporção de usuários que mantém o aplicativo aberto o dia todo dobrou de 11% para 22%. Esses números são ainda mais expressivos entre os jovens de 16 a 29 anos, indicando o potencial dessa rede social como ferramenta de engajamento político.
Contudo, a desinformação e as fake news representam um obstáculo significativo. A mesma pesquisa da OpinionBox indica que 60% dos usuários percebem uma alta incidência de fake news no Instagram, apesar de 49% passarem muito tempo na plataforma. Este cenário exige cuidado por parte das campanhas políticas, enfatizando a construção de uma comunicação confiável, direta e transparente.
Olhando para as tendências de 2024, é evidente que as campanhas eleitorais devem caminhar para um ambiente cada vez mais digitalizado. A personalização da mensagem política, moldando-se a diferentes segmentos de eleitores, será crucial. A capacidade de diferenciar o conteúdo para diversas faixas etárias, interesses e comportamentos, será vital para uma comunicação objetiva. Além disso, a integração de meios tradicionais e digitais tem um papel fundamental, especialmente considerando a relevância contínua do material impresso em certos segmentos da população e a fixação da marca.
O conteúdo precisa ser entregue de maneira extremamente eficaz, como se tivesse sido produzido especificamente para aquela pessoa. E como adivinhar isso? É aí que, novamente, o digital se mostra essencial. Ele trará os anseios reais daquele público pelas métricas e também pela observação do usuário. Os dados nos contam muito sobre comportamento e interação. E a Inteligência Artificial (IA) é uma grande aliada neste caso, com o cruzamento de números e elementos, entregando insights valiosos e imediatos, que reduzem tempo e geram um leque de possibilidades. Medir a forma como as pessoas se alimentam da informação, baseado em todas essas diretrizes, é uma das principais saídas da assertividade – seja ela para produzir conteúdo próprio ou para insuflar apoiadores e influenciadores, que também são essenciais e devem fazer parte do projeto. Bem como usar essas informações para criar vacinas imediatas contra fake news, com protocolos e estratégias que antecedam o problema.
As eleições 2024 estão configuradas para serem um reflexo destas mudanças dinâmicas. As campanhas que souberem navegar neste ambiente complexo e em constante evolução, combinando métodos tradicionais apoiados por pesquisas qualitativas e quantitativas, com novas tecnologias, estarão posicionadas para se conectar efetivamente com um eleitorado diversificado.
Em um calendário eleitoral cada vez mais curto, com mudanças constantes de opinião do público, assertividade é a palavra-chave. A tendência para 2024 é de uma campanha cada vez mais personalista. E não há espaço para erros.
Escrito por:
FABIO BUSIAN
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo, com MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Com 15 anos de mercado, trabalhou com lideranças políticas de diversos partidos.
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