Além dos Likes: O Futuro da Comunicação Será Medido em Confiança
Além dos likes: o futuro da comunicação será medido em confiança.
Durante anos, marcas e governos perseguiram métricas superficiais — curtidas, visualizações, impressões. No entanto, enquanto o digital amadurece, o público se torna mais exigente e os algoritmos mais sofisticados.
Por isso, comunicar bem deixou de ser “fazer barulho” e passou a exigir algo muito mais raro: credibilidade.
Hoje, a verdadeira métrica de sucesso não aparece no dashboard. Ela vive na percepção do cidadão.
A crise dos números que não dizem nada
O Brasil é um dos países que mais consome redes sociais no mundo. Porém, segundo o Edelman Trust Barometer 2024, apenas 41% dos brasileiros confiam em informações de marcas e 34% confiam nas informações que vêm de órgãos públicos.
Ou seja, mesmo com milhões de posts produzidos, a confiança caiu. E, sem confiança, o alcance não vale nada.
Além disso, estudos do Nielsen Total Audience Report mostram que conteúdos altamente visualizados tendem a gerar baixa retenção emocional quando não oferecem utilidade, narrativa ou consistência.
Os números podem até parecer grandes, mas se não forem acompanhados de credibilidade, eles são apenas isso: números.
Confiança não se compra — se constrói
A comunicação moderna exige três pilares:
1. Transparência constante
As pessoas querem saber como as decisões são tomadas, como os dados são usados e por que campanhas existem.
Quando a instituição explica, o cidadão entende. Quando se esconde, a desconfiança ocupa o espaço.
2. Coerência entre fala e prática
Não adianta dizer que é inovador e continuar comunicando como em 2005. Não adianta defender inclusão e ignorar acessibilidade digital.
Coerência virou reputação.
3. Empatia e presença real
Marcas e governos que respondem, acolhem e tratam o público como pessoas — e não como tickets — têm mais longevidade comunicacional.
Por isso, confiança é um ativo de manutenção diária, não de campanha isolada.
O setor público sofre mais — mas também tem mais a ganhar
Gestores e secretarias de comunicação enfrentam desafios gigantes: burocracia, crises inesperadas, falta de equipe e excesso de responsabilidade.
Apesar disso, pesquisas da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que canais oficiais que comunicam de forma consistente geram até 53% mais confiança do que aqueles que aparecem apenas em períodos eleitorais.
Além disso, prefeituras que adotaram relatórios semanais de ações e publicações transparentes no WhatsApp oficial reduziram boatos locais em até 32%, segundo estudos conduzidos em cidades de médio porte pelo LabGov Brasil.
Quando o governo fala com clareza, o cidadão ouve com segurança.
As marcas já entenderam o jogo
Empresas como Nubank, Natura e iFood investem pesado em comunicação clara, humana e participativa, porque perceberam que usuários preferem marcas confiáveis a marcas populares.
Por isso, a tendência não está em aumentar volume, mas em aumentar qualidade comunicacional.
Na prática, isso significa menos posts e mais propósito, menos slogans e mais explicações reais.
Como medir confiança na vida real (sem depender do “like”)
Hoje, os indicadores mais valiosos são:
- Taxa de respostas voluntárias: quando o público interage sem ser impulsionado.
- Repetição orgânica: quando pessoas compartilham espontaneamente.
- Tempo médio de leitura e retenção: métricas que mostram atenção de verdade.
- Comentários qualitativos: opiniões, relatos, perguntas.
- Menções positivas em canais não oficiais: quando a narrativa se espalha de forma natural.
Esses indicadores dizem mais sobre comunicação do que qualquer “♥”.
Vídeo complementar
📺 “Why Trust Is the Future of Communication” — TEDx by Rachel Botsman
Botsman é referência global em confiança digital, e explica como ela se tornou a nova moeda das relações entre instituições, marcas e cidadãos.
Veja mais vídeos de Rachel Botsman aqui.
O futuro não é sobre convencer — é sobre ser digno de ser ouvido
A confiança deixou de ser uma consequência da comunicação. Agora, ela é o objetivo.
Logo, marcas podem crescer sem likes. Governos podem acertar sem viralizar. Mas ninguém constrói futuro sem credibilidade.
Por isso, quem dominar a confiança dominará a narrativa e quem dominar a narrativa, dominará o impacto.
Fontes
- Edelman Trust Barometer 2024
- Nielsen Total Audience Report, 2023–2024
- FGV Comunicação Pública — Estudos sobre confiança institucional
- LabGov BR — “WhatsApp como mitigador de boatos locais”, 2023
- TED: Rachel Botsman — The Currency of Trust
Conteúdo desenvolvido pela Digital Content Producer Caroline Oliveira, com pesquisa e apoio de inteligência artificial.
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