
Não adianta viralizar e sumir: consistência é mais importante que alcance
Não adianta viralizar e sumir: consistência é mais importante que alcance.
Essa frase já deveria estar pendurada na parede de toda equipe de comunicação pública. Embora o alcance digital seja uma métrica tentadora, ele por si só não garante impacto, muito menos confiança.
Afinal, de que adianta um post da prefeitura bater 100 mil visualizações, se nos dias seguintes o perfil volta ao silêncio habitual? Ou se a população continua desinformada sobre assuntos prioritários?
Na era da comunicação rápida e dispersa, é a constância e não o brilho pontual que constrói credibilidade.
A obsessão pelo viral atrasa a comunicação institucional
Muitas instituições públicas, ao verem uma postagem ganhar visibilidade inesperada, acreditam que encontraram o “formato ideal”. No entanto, essa conclusão quase sempre é precipitada. Afinal, o que viraliza geralmente o faz por acaso, por contexto ou por humor e dificilmente pode ser replicado com o mesmo sucesso.
Mais grave ainda: ao perseguir a próxima “explosão de engajamento”, muitas equipes deixam de investir naquilo que realmente importa, manter uma presença digital sólida, confiável e útil.
Além disso, o público começa a perceber uma quebra de padrão. Um canal institucional que hoje é divertido e espontâneo, mas amanhã volta ao tom engessado e distante, transmite falta de identidade e de direção.
Alcance é visibilidade. Consistência é reputação.
Enquanto o alcance pode ser obtido com uma postagem bem-feita ou um vídeo fora da curva, a consistência exige planejamento, rotina e propósito.
Isso significa que:
- É melhor postar com qualidade toda semana do que tentar acertar um viral por mês.
- É mais eficiente criar um calendário editorial coerente do que reagir a modinhas da internet.
- É mais estratégico reforçar as pautas prioritárias da instituição do que gastar energia com formatos que não se sustentam.
Além disso, a consistência ajuda o algoritmo, e o cidadão, a entender o que esperar daquele canal.
Quando a audiência reconhece o estilo, o tom e o tipo de conteúdo, ela passa a confiar.
O segredo da relevância está na rotina, não no hit
Se você perguntar a qualquer gestor de canais digitais bem-sucedidos no setor público, vai ouvir uma verdade simples:
O conteúdo que realmente educa, informa e transforma não viraliza, mas permanece.
Uma série semanal com dicas de saúde, por exemplo, não vai explodir em curtidas. Mas, em poucos meses, será referência.
Um quadro fixo com perguntas e respostas sobre tributos pode parecer básico. Mas ele reduz dúvidas, evita retrabalho e aproxima o cidadão da prefeitura.
A regularidade, mesmo que discreta, tem mais poder do que o pico esporádico.
A sua comunicação não precisa viralizar para ser notada
Na prática, os conteúdos mais importantes raramente ganham grande alcance. E está tudo bem.
O papel da comunicação pública não é competir com influenciadores. É prestar serviço.
E para prestar serviço com excelência, é necessário estar presente sempre.
Portanto, se o seu time se frustra por não viralizar, é hora de mudar a pergunta.
Em vez de “por que não deu certo?”, tente:
“Esse conteúdo cumpre o que prometemos entregar à população?”
Se a resposta for sim, continue.
O engajamento virá com o tempo — e será o tipo certo de engajamento.
Consistência é mais importante que alcance
Porque o alcance vem e vai. Mas a confiança só cresce com o tempo.
Por isso, priorize a construção de uma presença digital sólida. Organize um calendário editorial. Repita formatos que funcionam. Responda com frequência. E mantenha o tom.
Quando o cidadão sabe que pode contar com aquele canal toda semana, mesmo que não seja trending topic, ele passa a ouvir com mais atenção.
Fontes
- GOV.UK. How Consistency Builds Public Trust in Digital Communication (2023)
- Sprout Social. The Power of Consistent Content in Public Sector Engagement (2024)
- Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Manual de Estratégia de Conteúdo Institucional
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