Publicar é Fácil. Engajar é Técnica.

Publicar é fácil. Engajar é técnica.
Essa frase resume um desafio cada vez mais evidente nas comunicações públicas. Afinal, qualquer secretaria, conselho ou autarquia consegue postar uma arte nas redes. Mas quantas conseguem fazer com que o cidadão pare, leia, entenda e interaja?

A diferença entre comunicar e se conectar está justamente aí: no domínio da técnica — não apenas no ato da publicação. E, enquanto muitas instituições acreditam que estão “presentes” nas redes, o que elas realmente estão fazendo é apenas reproduzir conteúdo institucional no formato errado, no lugar errado, e do jeito errado.

O erro mais comum: publicar por obrigação

Em diversas cidades, o time de comunicação recebe a pauta, produz o material e cumpre o cronograma. Parece eficiente, certo?
Na aparência, sim. Mas, ao analisarmos o impacto, percebemos que a maioria dessas postagens simplesmente não gera nenhuma reação. Sem curtidas, sem comentários, sem compartilhamentos. E, o pior: sem leitura.

Isso acontece porque, na prática, a estrutura da mensagem segue engessada, fria, distante — como se estivesse falando com ninguém. Além disso, os formatos utilizados geralmente não conversam com o comportamento das pessoas nas redes.

Enquanto o público espera algo visual, direto e útil, os perfis oficiais entregam textos longos, imagens lotadas de informação e títulos burocráticos.

Engajamento não é sorte — é método

Por outro lado, existem formas simples (e eficazes) de aumentar o engajamento sem trair a seriedade da informação pública.
Engajar não significa “viralizar”. Significa, antes de tudo, ser compreendido, gerar interesse e provocar reação.

Por isso, é necessário aplicar técnicas específicas:

  • Começar com títulos que funcionem como gatilhos de atenção, como perguntas, contrastes ou dados inusitados;
  • Usar narrativas e exemplos reais, porque o cérebro humano entende melhor quando há contexto e emoção envolvida;
  • Dividir informações complexas em blocos visuais curtos, o que favorece a leitura e a retenção;
  • Encerrar com uma chamada para ação, mesmo que simples — como “comente”, “compartilhe” ou “envie para alguém”.

Além disso, é essencial adaptar o conteúdo para o canal. O que funciona no Instagram pode não funcionar no WhatsApp, e o que engaja no TikTok pode ser irrelevante no Facebook. Portanto, cada formato exige um planejamento próprio.

Mas… e o institucional?

Uma das principais objeções ao uso de técnicas de engajamento é o medo de “perder o institucional”. Contudo, esse medo é infundado. É possível — e desejável — manter a credibilidade sem abrir mão da atratividade.

O que muitos gestores ainda não perceberam é que conteúdo sério não precisa ser chato. É perfeitamente possível falar de políticas públicas com clareza, humanidade e até leveza, sem jamais comprometer a autoridade institucional.

Além disso, instituições que se aproximam do cidadão com um tom mais acessível são percebidas como mais confiáveis. Afinal, quem explica bem tende a ser visto como quem se importa mais.

Plot twist: o que engaja também educa

Engajamento não é vaidade. Pelo contrário, é um indicador de que a informação chegou. E, quando a mensagem pública é absorvida, ela gera transformação: esclarece, previne, educa, mobiliza.

Isso significa que melhorar o engajamento nas redes é uma estratégia de interesse coletivo. Quanto mais pessoas acessam, entendem e replicam os conteúdos institucionais, maior é o alcance das políticas públicas.

Em outras palavras, investir em técnica de engajamento é ampliar o serviço público por meio da comunicação.

Conclusão

Publicar é fácil. Engajar é técnica.
O desafio, portanto, não é apenas ter presença digital. É fazer com que essa presença se traduza em impacto real.

Se sua prefeitura, conselho ou autarquia ainda segue o modelo de comunicação “automática”, baseada apenas em pauta e arte, está na hora de revisar a rota. Afinal, nenhuma publicação cumpre seu papel se ninguém lê.

Por isso, antes de pensar na próxima arte, pense:
Como posso fazer com que essa mensagem realmente chegue ao cidadão?
A resposta está na técnica. E você não precisa de sorte — só de método.

Fontes:

  • GOV.UK. Digital Engagement Best Practices for Public Institutions (2024)
  • We Are Social + Hootsuite. Digital Report 2024 – Brazil
  • NIC.br – Indicadores de acesso e engajamento digital no setor público

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