
Conselho Profissional Que Não Se Explica, Se Complica
Conselho Profissional que não se explica, se complica.
Pode parecer apenas uma frase de efeito, mas ela representa um problema estrutural da comunicação institucional no Brasil. Embora os conselhos de classe desempenhem funções cruciais para a sociedade, muitos ainda falham onde não deveriam: na forma de se comunicar com clareza, empatia e acessibilidade.
Atualmente, o cenário digital exige mais do que presença. Ele exige explicação, conexão e intenção clara. Portanto, se a mensagem não for direta, ela não será absorvida. E o resultado, quase sempre, é desconfiança.
Quando o conselho fala, mas ninguém entende
Apesar de serem criados para proteger a sociedade e regulamentar o exercício profissional, os conselhos muitas vezes não conseguem explicar o que fazem com clareza suficiente. Como consequência, profissionais da própria área acabam sem entender o papel real da instituição.
Isso ocorre porque, frequentemente, a linguagem adotada continua sendo hermética, legalista e excessivamente formal. Ainda que isso soe tradicional, não funciona mais no ambiente digital, onde a comunicação precisa competir com vídeos curtos, memes, comentários rápidos e respostas instantâneas.
Além disso, o excesso de notas técnicas, PDFs estáticos e publicações densas afastam o público. Se nem os profissionais registrados leem, imagine o cidadão comum.
A forma importa (muito)
É importante destacar que a dificuldade de compreensão não está na função da instituição, mas sim na maneira como ela apresenta essa função. Por isso, adaptar o formato e a linguagem é mais do que recomendável — é urgente.
Por exemplo, ao invés de publicar uma nota de três páginas com base legal, por que não criar um vídeo animado explicando o impacto daquela resolução? Ou ainda, transformar comunicados em carrosséis de perguntas e respostas pode facilitar o entendimento e ampliar o alcance da informação.
Dessa forma, o conselho não perde a formalidade necessária, mas ganha relevância ao demonstrar real utilidade no dia a dia.
A falta de explicação custa caro
Toda vez que o conselho falha em se explicar, abre espaço para que desinformações ganhem força. Além disso, a ausência de uma linguagem clara reforça o estigma de que essas instituições existem apenas para cobrar anuidades — o que sabemos que não é verdade.
Entretanto, é fácil entender por que essa percepção persiste. Quando o profissional encontra dificuldade para entender os canais, os serviços, as obrigações e até os direitos que o conselho oferece, o sentimento de afastamento só aumenta. E quanto maior o afastamento, mais frágil a autoridade da instituição.
A boa notícia: é possível virar o jogo
Felizmente, mudar esse cenário não é complexo — mas exige disposição para modernizar. Com algumas decisões simples, o impacto pode ser imediato:
- Atualizar o tom de voz para algo mais humano, próximo e direto;
- Utilizar linguagens visuais, como ilustrações e vídeos curtos, para explicar normas ou processos;
- Criar fluxos digitais inteligentes que ajudem o profissional a navegar pelo site ou atendimento com facilidade;
- Incentivar a produção contínua de conteúdo educativo, que reforce o valor público da atuação do conselho.
Além disso, uma comunicação bem estruturada ajuda, inclusive, a blindar a instituição em momentos de crise. Explicar antes evita correr para se justificar depois.
Plot twist: a simplicidade é institucional
Por mais contraditório que pareça, quanto mais simples e transparente for a linguagem de um conselho, mais autoridade ele transmite. Isso ocorre porque a clareza gera confiança. E, quando há confiança, o prestígio institucional se fortalece.
Em outras palavras, ser compreensível não reduz a seriedade, mas eleva a credibilidade. E isso vale tanto para textos quanto para imagens, vídeos, bots e redes sociais. A instituição forte é aquela que se faz entender.
Conclusão
Conselho que não se explica, se complica.
Essa frase, mais do que uma crítica, é um alerta estratégico.
A missão institucional de todo conselho precisa ser vista, lida, compreendida e sentida. Afinal, comunicação pública não é só sobre informar. É sobre construir pontes entre a instituição e as pessoas que ela representa.
Portanto, se a sua equipe ainda acredita que “ser técnico demais” é o melhor caminho, vale a pena refletir: estamos criando conexões ou apenas entregando documentos?
A resposta para essa pergunta pode redefinir o futuro da sua comunicação.
Fontes
- GOV.UK Design System. (2024). Clearer public service communication for better understanding.
- ANACOM Portugal. (2023). Guia de boas práticas na comunicação com cidadãos.
- UNESCO. (2024). Transformações digitais na comunicação institucional pública.
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