“Você não pode…” Será?

#DiaNacionalDeLutaDaPessoaComDeficiência

Ah! Pode sim e vai conseguir, sim!

No tocante à aprendizagem, quase todos podemos e vamos conseguir aprender qualquer coisa! Claro que ajuda muito uma dose de curiosidade, necessidade, disposição, tempo…
Um dia, encontrei um cartão de visita na minha caixa de correio, no qual li: “Gostaria de estudar francês. Por favor, entre em contato.”
Liguei e a mãe atendeu, dizendo que a filha não falava ao telefone. Ok, ela não fala ao telefone! Eu também tenho minhas manias!
Expliquei para a mãe como eu trabalhava e marcamos uma aula demo.
Então, a mãe começa a me preparar: “ela já fez faculdade, não haverá problema; ela já estudou inglês, não haverá problema…”
Eu comecei a ficar preocupada! Não fala ao telefone, a mãe citou duas vezes “não haverá problema!”
Por fim, ela explicou: a filha era deficiente auditiva e não ouvia nada!
Eu me joguei para trás na cadeira e, com alívio, pensei: “Ufa! Isso não é problema!”
Deixei claro que eu nunca havia ensinado um deficiente auditivo e, como nessa aula demo também viria um casal, eu iria preparar algumas atividades extras, caso eu apresentasse um exercício com áudio. E pedi que a aluna me sinalizasse se eu estivesse cometendo algum erro (ou acerto).
Na primeira aula, eu sempre dou o alfabeto com símbolos fonéticos para pronunciar cada letra. Apesar de nunca ter usado os símbolos fonéticos, a aluna compreendeu rapidamente e leu o alfabeto sem titubear!
Com um ano de aula, ela me surpreendeu com um bolo na sala de aula!

Um cineasta francês, ao saber que uma deficiente auditiva aprendera seu idioma já adulta, a procurou para um curta-metragem. Pois essa minha aluna, ‘deficiente auditiva’, aprendeu e se comunica muito bem em inglês, francês e espanhol.

E você, o que você ‘acha’ que não pode ou ‘acha’ que não vai conseguir?
Ah! Pode sim e vai conseguir, sim!
Na verdade, quase todos temos capacidade para aprender o que quisermos. Mas precisamos de um pouco de esforço. Pouco, mesmo!
Seja para aprender a cozinhar, dirigir um carro, tocar piano, falar um idioma estrangeiro, precisamos de 21 a 28 dias para que o cérebro faça suas conexões e essa atividade se torne ‘confortável e agradável’.
Me lembro quando minha médica me indicou a musculação para evitar a osteoporose. Nas primeiras três semanas eu ia por obrigação. Depois, ia para a academia com alegria!

Ao aprender um novo idioma, eu digo para meus alunos: “imaginem amarrar suas mãos para trás e vocês terem que fazer tudo com os pés. Vocês conseguem! (Existem pessoas sem os braços e que conseguem até tocar piano com os pés.) No início, pode dar um nó no cérebro, mas com persistência e tempo, a dificuldade vai diminuindo”. Adorei o que li numa camiseta, acho que se referia a um esporte: “Ontem, era impossível. Hoje, é difícil. Amanhã, será fácil!” Queremos nos sentar diante de um piano e tocar, sem esforço e sem gastar tempo estudando! Queremos uma fórmula ‘mágica’, certo?
Entretanto, existem pessoas que reclamam que sempre estão ‘recomeçando’ um curso de inglês, há anos! Estudam, param, estudam, param… O resultado é uma sensação de que não estão aprendendo.
Você se lembra do tempo necessário para que uma nova atividade se torne confortável: aproximadamente, de 21 a 28 dias? Pois é, esse é o mesmo tempo que vai levar para que o cérebro desfaça as conexões não utilizadas. Como uma plantinha, o que você aprendeu e não regou, se você estudou um idioma, o que não usou mais, será descartado.
Então, se programe para ler, ouvir, assistir, cantar, escrever algo no idioma estudado, no mínimo, uma vez a cada duas semanas, ou suas conexões, que demandaram seu tempo e esforço, se perderão.
Importante: com diversão e cultura, aprendemos mais e melhor!

 

Quer saber mais? Acesse os links abaixo.
https://desculpenaoouvi.com.br/parle-lentement-sil-vous-plait/
https://www.youtube.com/watch?v=wlgqN57eJ6Y

 

Autora:
Crisaidi Bento Sodré
Sou pedagoga, dei minha primeira aula (paga!) aos 12 anos e adoro o que faço.
Tenho experiência com alunos dos quatro aos 87 anos de idade, com deficientes auditivos, com TDAH e dei aula presencial e à distância de Francês Instrumental na PUC/SP, através da Cogeae, por quase 10 anos para mestrandos e doutorandos de várias áreas. Sou coautora do livro “Francês para Leitura A1”, editado pelo Grupo Livraria Francesa.

Para quem quiser praticar leitura em inglês e em francês, eu posto um artigo (quase) todos os dias:  Francês para Leitura e Inglês para Leitura.
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Nossos articulistas e redatores tem liberdade editorial. Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Área Comunicação.
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MINUTO LEITURA

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7 Pensamentos ““Você não pode…” Será?”

  • Carol
    setembro 21, 2022

    Muito legal e inspiradora essa história! Lembro que cheguei a conhece-la, fiz algumas aulas de inglês junto com ela e é muito bom ver que a determinação nos leva há lugares que antes parecia impossível (ou quase), em tudo e qualquer área da vida.

    Responder
    • Crisaidi Bento Sodré
      outubro 8, 2022

      Oi, Carol! realmente, ao Compartilhar estórias inspiradoras como esta, nos faz pensar o que poderia ser impossível, não é?

      Responder
  • Arismar
    setembro 22, 2022

    O testo muito lindo ,só podia partir da Sra
    A TV comentou sobre esse dia..
    Agradeço a sua lembrança, fiquei feliz bjs.

    Responder
    • Crisaidi Bento Sodré
      outubro 8, 2022

      Arismar, querida! Obrigada pelo carinho!

      Responder
  • Marcelo Machado de campos
    setembro 22, 2022

    Parabéns! Embora já conhecia parcialmente a história, foi fantástico poder compartilhar dessa emoção!
    Tks

    Responder
    • Crisaidi Bento Sodré
      outubro 8, 2022

      Olá, Marcelo! Que bom que a estória emocionou! A vida fica mais rica assim!

      Responder
  • Crisaidi Bento Sodré
    outubro 8, 2022

    Oi, Carol! realmente, ao Compartilhar estórias inspiradoras como esta, nos faz pensar o que poderia ser impossível, não é?

    Responder

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