A arte e o comportamento social

A arte e o comportamento social

Existem várias formas de cada sociedade se expressar. A que mais me fascina é a arte, em todas as suas vertentes de pintores a arquitetos, escultores a compositores. Acredito que estudar comportamentos e costumes passa pelas expressões artísticas, que revelam características viscerais de cada época. 

 

Um exemplo marcante é o Brutalismo, um estilo arquitetônico que teve seu início na França, em meados da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial. Na época, países europeus buscavam uma alternativa simples e barata para reerguer seus edifícios, e o concreto bruto, sem muitos acabamentos detalhados, era uma solução viável, e deu tão certo que se estendeu para diversos países e continentes. 

 

Vejam só, passamos pelas ruas de São Paulo, em prédios icônicos como o Edifício Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho, mais conhecido como “prédio da FIESP”, e nem imaginamos que aquele estilo arquitetônico foi criado a partir da reconstrução mundial pós-guerra. Uma maneira de contar a história da civilização em formatos e métodos. 

 

A arte também traz um conceito de sentimento histórico, passando uma importante mensagem ao receptor. Illya Repin, principal pintor realista russo do século XIX, conta sobre o czarismo e a sociedade russa daquela época como ninguém. Sua principal obra, “Ivan o terrível e seu filho”, humaniza lideranças imponentes e mostra que até os mais temidos personagens da Europa Oriental tinham sentimentos, frustrações e dores. A partir desta obra específica, o mundo ocidental passou a ver figuras eslavas com um outro olhar humanizado. Uma pintura, que considero a fotografia vista pelos sentimentos do artista, mudou um conceito civilizatório. 

 

A partir destes exemplos, podemos enumerar centenas de expressões artísticas que contam mais sobre a sociedade. Estas características mostram a importância de estudarmos a arte e seu entendimento sociológico do mundo, fazendo um paralelo importante para uma melhor leitura dos tempos atuais. É como se analisássemos a expressão corporal de uma civilização, uma outra linguagem  que muitas vezes diz muito mais sobre nós do que a própria fala. 

 

O ser humano e sua complexidade precisam ser avaliados em todas as formas da expressão, contribuindo para a construção de uma narrativa fiel aos fatos. Se nosso entendimento de mundo resumir-se ao nosso próprio empirismo e entendimento de narrativas textuais da história, sem observarmos outros aspectos daquela civilização, toda a análise sociológica dos fatos ficará comprometida. 

 

Escrito por Ronaldo Bitencourt

Ronaldo Bitencourt é amante das artes, formado em Comunicação Social com especialização em Administração Pública. É também escritor e já coordenou diversas campanhas nacionais.

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